Lembrando que os posts do 1000 Awesome Things são traduções/adaptações do autor original, Neil Pasricha.
Eu estava num longo vôo não muito tempo atrás, num daqueles que desligam as luzes na maior parte da viajem e todo mundo fica que nem geléia esparramada no assento. Pernas apoiadas nos braços, assentos reclinados, fones de ouvido, cobertores e máscaras para os olhos criando um casulo pessoal, uma defesa contra toda luz, som e qualquer toque indesejado.
Francamente, não gosto de vôos assim porque eu me sinto muito desconfortável. Penso que irei acordar outras pessoas e incomodá-los. Sinto como se tivesse viajado para uma uma creche, e depois que coloquei todos bebês para dormir, agora só me resta sentar num banco de cimento no canto, quieto, e contar as respirações até o Sol nascer.
É muito estressante.
Sempre fui meio paranóico sobre acordar as pessoas. Quando eu era mais novo e chegava tarde em casa eu levava mais ou menos 20 minutos pra sair da calçada e chegar na minha cama. Andava na ponta dos pés, colocava as chaves no portão vagarosamente, tirava meus tênis fora da casa, e andava na ponta dos pés subindo as escadas até o banheiro. Muitas vezes eu nem dava descarga até de manhã, preferindo deixar meus “negócios” boiando a noite inteira ao invés de acordar alguém com o som dos excrementos passando pelos canos das paredes até tomar seu caminho para fora da casa.
No avião eu não inclinava meu assento demais porque achava que iria deixar a pessoa apertada atrás de mim. Andava lentamente pelo corredor e analiticamente agarrava rapidamente as cadeiras e compartimentos superiores para me apoiar então uma sacudida brusca de uma turbulência não iria me jogar no colo de uma vovó adormecida. Eu tinha breves visões de quebrar o quadril dela ou derrubar a dentadura na taça de vinho de alguém.
E é por causa de minhas tentativas de me manter quieto nessas jornadas do subconsciente que eu sou fascinado pelos banheiros do avião.
Primeiro de tudo, eles existem! O fato de que você pode ir ao banheiro num avião é uma novidade no seu cotidiano. Aposto que ninguém esperava por isso 100 anos atrás. Você consegue imaginar dois marinheiros olhando para o horizonte à frente, naquele oceano massivo em 1911, um deles apontando para as nuvens e sussurrando para o outro “Um dia um homem vai dar uma bela cagada lá em cima”. Não, nem eu.
De qualquer forma, após superarmos o fato que esses banheiros existem, vamos falar sobre aquela incrível descarga. Você faz suas coisas, fecha a tampa, aperta aquele botão de plástico, e um segundo depois há um enorme, poderoso som de vácuo puxando os conteúdos. É tão alto que é inacreditável – é como um caminhão de transporte cheio de pratos de prata capotando sobre uma estrada de terra entre duas trincheiras inimigas da segunda guerra mundial.
Eu imaginava que o banheiro do avião era um buraco pequeno que abria fora do avião. Eu olhava para baixo esperando ver nuvens ou talvez cidades minúsculas abaixo, e pensava se as “coisas” de alguém não poderiam cair de trinta mil pés que nem bombas e machucar alguém. Era só uma questão de gravidade, distância, pressão atmosférica ou algo assim.
Acontece que eu estava muito errado sobre isso.
Veja, de acordo com o site da internet geek patrol, banheiros normais de nossas casas não são aptos para o avião. A combinação de vaso sanitário cheio de água e pousos mais violentos tendem a deixar o banheiro com uma arte abstrata pelas paredes. Por esta razão, os aviões usam um buraco com um novo tipo de sanitário chamado de sanitários a vácuo. Acho que esses banheiros são perfeitos para o trabalho pois não precisam de muita água e são de manutenção muito baixa. Apenas um efeito colateral, porém: Quando você dá descarga, soa como alguém amaciando pedras.
Agora pessoalmente, eu amo aquele barulho incrível da descarga do avião. Não posso deixar um “presente” para o próximo passageiro que vir ao banheiro, então sou forçado a apertar o botão. O poder e o som da descarga, sem dúvidas, acordam as últimas filas do avião toda vez então eu não tenho escolha se não confrontar os meus medos.
Então, eu digo obrigado descarga do banheiro de avião. Seu “whoosing” embalado a vácuo acorda todo o mundo por mim.
AWESOME!
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Hahaha eu tenho o mesmo dilema nas viagens longas de avião, pensando em não perturbar os outros mas com uma vantagem: eu durmo de roncar e só acordo perto da hora de pousar. Sobre o banheiro, eu fico impressionado com a tecnologia do vaso... lembro de na infância viajar de trem (sim, sou velho), ir ao banheiro, olhar dentro do vaso e ver os trilhos passando lá embaixo... isso pra mim era surreal, quer dizer, se eu soltasse um barro aquila ia emporcalhando os trilhos por onde a gente passasse???? por isso eu nunca consegui usar. NO máximo um pipizinho e olha lá
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