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quarta-feira, 23 de abril de 2014

[Análise] Game of Thrones: "Breaker of Chains"

Mas o que torna um rei bom?




Não é santidade pois Baelor, o Abençoado morreu de fome pois considerava a comida um produto de um mundo pecaminoso. Não é justiça pois Orys I foi assassinado pelo próprio irmão enquanto dormia. Também não é através da força pois o Rei Robert achava que vencer e dominar eram as mesmas coisas, morrendo para as caçadas e as bebedeiras que tanto promovia. Um bom rei, segundo Tywin, é aquele que usa da sabedoria. Da sabedoria de saber o limite de suas capacidades e ouvir seus conselheiros até atingir a maioridade, e seria ainda mais sábio caso continuasse para sempre a ouvi-los.

E é assim que Tommen Lannister Baratheon (que na verdade é outro filho do relacionamento incestuoso entre Cercei e Jaime), irmão mais novo de Joffrey e próximo nesta linha de sucessão, é preso nas teias do Lorde Tywin, que agora terá uma influência muito maior para poder reinar indiretamente os Sete Reinos. A mão do rei tem mais que própria mão alheia sob controle, é pé, tronco e cabeça.

"Seu irmão não era um rei sábio. Não era um rei bom. Se tivesse sido, talvez ainda estaria vivo"

Enquanto Tywin e Tommen deixam o mausoléu com uma aula de introdução a educação sexual, Jaime está no caminho contrário, interagindo forçosamente com o garoto para tornar evidente à plateia que ele é o pai do garoto. Em seguida o Regicida vai até Cercei que está louca por vingança, chegando a pedir que ele mate Tyrion, sangue do mesmo sangue. Chegando até a citar a ameaça que Tyrion disse a ela lá em The Prince of Winterfell, oitavo episódio da segunda temporada, quando ele achou que sua irmã havia pego Shae como prisioneira, mas tudo não acabava de um engano: "Vou te machucar por isso. Um dia irá chegar quando você pensar que está segura e feliz e sua alegria se tornará cinzas em sua boca. E você saberá que a dívida está paga." 

Jaime não aparenta não estar nem aí para vingança, pois não nutria lá muito sentimento para com Joffrey, porém tem uma oportunidade única de trazer justiça a tona e mostrar que ainda tem utilidade como Lorde Comandante da Guarda Real. Em seguida vemos o cavaleiro se aproveitando da fragilidade de Cercei para tirar a tensão sexual dos dois atacando-a ali mesmo, no lado do defunto, numa cena meio que definiu uma palavra nova no Aurélio: "incestupruosa"? A cena polêmica desconstruiu a evolução de Jaime somente para chocar a plateia de uma forma desnecessária. É cruel ver o quanto Jaime havia crescido no conceito de muita gente e de repente voltar a ser aquele idiota que todo mundo odiava lá na primeira temporada. Até o próprio George RR Martin postou uma nota em seu blog sobre essa cena, recomendo a leitura.

"Você é uma mulher detestável. Porque os deuses me fizeram amar uma mulher detestável?"
- Jaime Lannister

 Winter is Coming x Breaker of Chains
Lembra láááá do primeiro episódio da série? Mais especificamente um dos primeiros takes do episódio onde vimos Jaime e Cercei conversando preocupados se alguém além da mão do rei havia descoberto algo sobre os dois? A mão era o Jon Arryn, um dos grandes amigos de Ned e do Rei Robert na época que os ajudou em sua rebelião contra os Targaryen. Ele havia se casado com a irmã de Catelyn, Lysa Arryn, e seu filho Robin é o sucessor que assumiu O Ninho. Logicamente na série ele foi morto por investigar a prole do rei por não apresentarem a mesma genética de seus filhos bastados, acreditando que seriam resultado então, do relacionamento incestuoso entre os dois irmãos Lannisters, o que faz de Bran um sortudo filho da mãe. Meu propósito em mencionar Jon foi a semelhança no ritual funerário entre ele e Joffrey. E uma observação, como Ned o tinha como um segundo pai, será que foi devido a este sentimento que Jon Snow ganhou o mesmo nome?

- Você me disse que não era um ladrão!
- E não era.
- Ele nos abrigou. Nos alimentou e você...
- Sim, ele nos abrigou. É um bom homem e sua filha faz um bom ensopado.
- E estarão mortos no inverno.
- Você não sabe disso.
- Sim, eu sei.

Falando do Ninho, é para lá que o Cão pretende ir com Arya e não Winterfell, o que me dá uma chance de retratar sobre a informação errada que cogitei na análise do primeiro episódio desta temporada. Nas andanças dos dois, mais bundas foram chutadas. Infelizmente, agora foi a vez de uma família pacífica e sobrevivente, composta de pai e filha, que no meio do fogo cruzado, já haviam perdido muito nesta guerra. Tivemos um lapso com Arya, que vinha se distanciando cada vez mais da maneira honrada de ser dos Starks. Neste episódio ela foi estranhamente diplomática, e sem intenção de ser dissimulada! A ingenuidade foi a lição que o Cão tratou de arrancar da garotinha, o que acabou por selar o destino dos dois estranhos, o que nos resta a ter uma esperança para que a solitude os acompanhe por mais tempo. Fazendo uma correlação com Arya, ela chega até a comentar que possui amigos em Bravos (o homem de duas faces, o Jaqen Hagar), o que faz todo o sentido quando o Cão retruca duvidando da afirmação, pois é de tamanha ingenuidade pensar que os bravosi seriam "modelos de defensores dos bons costumes" pra lá do mar estreito.


"Breaker of Chains" tem relação direta a Dany e seu discurso, mas deixemos isso para depois. O título do episódio pode também ter uma leve relação com Tyrion. Aqui, ele já se encontra mais uma vez preso, dessa vez não por ser acusado de conspirar contra os Starks mas sim contra a própria família! Seu pai, Tywin, vem movimentando um julgamento contra o próprio filho, em que presidirá na presença de mais dois juízes, são eles: Mace Tyrell e Oberyn Martell. Este último aparece num bacanal onde, por intromissão de Tywin, recebe uma confissão e uma proposta irrecusável: ele não tinha mandado o assassinato seguido de estupro de sua irmã Elia, e ainda promoveria um "encontro" entre ele e o Montanha, responsável pelo fato, além de dar um lugar no pequeno conselho para que o príncipe de Dorne servisse como um dos conselheiros do rei.


"Eu não sabia que tinha tanto respeito por Dorne... Lorde Tywin."
"Não somos os Sete Reinos até que Dorne retorne ao grupo. O Rei está morto. Os Greyjoy estão revoltados. Um exército de selvagens marcha em direção a Muralha. E ao Leste, uma garota Targaryen tem três dragões. Em breve, ela irá mirar em Westeros. Apenas os dorneses conseguiram resistir a Aegon Targaryen e os dragões dele."

"Está dizendo que precisa de nós? Deve ser difícil para você admitir."

"Precisamos um do outro. Ajude-me a obter justiça sobre o assassinato do rei, e eu te ajudarei a obter justiça pelo da Elia."
 
"Eu gostaria de pensar que se eu planejasse o assassinato real, o faria de tal forma que eu não ficaria lá em pé feito um bobo quando o rei morreu."


Tyrion está numa posição bastante difícil pois além de seu pai estar mais influente do que nunca, não há ninguém a vista que possa salvá-lo. Nem o fiel Podrick, nem Bronn (agora sendo investigado), nem Sansa e Shae que sumiram podem ajudá-lo a sair dessa. A série nos deixou uma possibilidade dele conversar com seu irmão Jaime, mas se for por motivação, Varys já deve estar por dentro de quem foi o real assassino de Joffrey e vai tentar impedir a todo custo seu maior rival, Baelish. Tyrion perecerá ou um "rompedor de algemas" aparecerá para salvar o dia?

"O que eu te disse sobre a capital? Todos somos mentirosos aqui."
- Petyr Baelish com Sansa Lannister

Mindinho, depois de mostrar toda a ousadia traindo Ned lá na primeira temporada mesmo dizendo pra não confiar nele, e o brilhante discurso do "caos é uma escada" para Varys lá em "The Climb", 6º episódio da terceira temporada, ele aparece mais uma vez pra dar um tempero nos jogos dos tronos. Resgata Sansa pois a usa para envenenar o rei, revelando uma verdadeira teia criminosa que vai desde: 1) a aquisição do veneno; 2) preparo do colar; 3) entrega do colar a vítima; 4) uso de terceiro(s) infiltrado(s) no casamento para envenenar o rei; 5) descartes das provas e; 6) abrigo a uma vítima fugitiva. Etapas que não tinham como permanecerem em segredo pelo menos aos envolvidos, que não parece ser um número pequeno. E curioso o fato dele não deixar Sansa para morrer no próprio casamento, o que pode se supor que do jeito que é, quer matar dois coelhos numa cajadada só: se não pode ter Catelyn, porque não sua adorável filha? Além de usar o sangue real da garota para atingir seus objetivos, vulgo, casar-se com ela assim que Tyrion for dessa pra melhor e reivindicar o trono?. O caos é uma escada, amigo, agora entendo!

"Dinheiro compra o silêncio de um homem por um tempo. Um dardo no coração o compra para sempre."


Em Pedra do Dragão, Stannis já recebe as notícias do assassinato de mais um usurpador ao seu reino e se mostra orgulhoso de sua macumba mas furioso por não poder tomar vantagem estratégica, pois não possui contingente de batalha. Sor Davos trupica em suas tentativas de reunir famílias juramentadas a Stannis e mais tarde, numa reunião de grupo de leitura com Shireen, em que recebe um livro chamado "A vida e Aventuras de Elyo Grivas, Primeira Espada de Bravos" (patente do Syrio Forel, primeiro mestre da espada da Arya),  Davos encontra uma solução inusitada de como reunir o dinheiro necessário para a campanha de Stannis no meio de uma conversa com a garota: 

- Você já foi pirata.
- Não, nunca fui.
- Era um contrabandista.
- Qual a diferença?
- Se for um contrabandista famoso, não está fazendo isso certo."

- Meu pai diz que criminoso é criminoso.
- Seu pai peca na apreciação dos pontos mais delicados do mal comportamento. Assim como os Bravosi.
- Já foi a Bravos?
- É claro.
Quase fui decapitado pela Primeira Espada de Bravos. Tentei explicar a diferença entre piratas e contrabandistas, mas não pareceu mais interessado que seu pai na diferença. Se trabalhar para o Banco de Ferro de Bravos, e cada barca de ouro valer metade de um reino, você tende a não se preocupar muito com o tipo de distinção."

Em seguida ele pede a Shireen escrever uma carta em nome do pai que será enviada a Bravos, numa manobra que tentará convencê-los a ganhar um patrocínio revelando quem é o real criminoso dessa história.

"Eu não sou seu inimigo"

Daenerys chega as portas de Meereen, onde mais uma vez é insultada, mas dessa vez com a adição de urina ao invés de só xingamentos. Depois de ser desafiada pelo campeão da cidade, a Targaryen cancela o visto de luta de todo mundo até restar somente o Daario Naharis, sua quedinha. Cena meio forçada, já que empurra uma piscadela do Daario e restabelece as habilidades de combate do personagem, que não gosta de firulas. O interessante foi ver como a garota usa diferentes estratégias em cada cidade a ser conquistada, não dependendo apenas de seus dragões. Dessa vez ela fez um cerco enquanto diplomaticamente foi convertendo os escravos que ali estavam a ouvindo. A conquista começará de dentro da própria cidade.

"Mance tem tudo o que precisa para nos destruir, ele só não sabe ainda."

Por último tivemos Sam e Gilly (Goiva) reaparecendo, com o gordinho temendo pela integridade da moça e do bebê respirando o mesmo ar que ex-criminosos e estupradores. Sam acaba levando os dois para Vila Toupeira, onde a moça iria trabalhar como faz tudo num prostíbulo, mas menos a parte que faz "tudo". É triste pois os dois se separaram bem no momento em que Gilly começa a gostar de Sam, ao passo que ele é zoado pelo Castelo Negro como "Sam, o Matador". Parece que ter uma mulher como única testemunha de ser o único em gerações capaz de derrubar um Caminhante Branco não ajudou em nada sua versão da história. Jon também aparece rapidamente para colocar senso na cabeça dos patrulheiros, que estavam ávidos para defender as vilas atacadas pelos selvagens, que enviam um sobrevivente ao Castelo Negro como um  aviso despretensioso que estão a espreita. Mas com a chegada de dois patrulheiros sobreviventes do motim liderado por Rast e Karl na casa do Craster, eles tomam conhecimento que, caso Mance Rayder chegue até eles, ele saberá que a Muralha estará pateticamente defendida por apenas cerca de 100 homens. E assim de repente, os rangers serão forçados a entrar em mais uma batalha.

Breaker of Chains não poupou conteúdo, cada cena, cada diálogo foram bem construídos e de suma importância para o futuro da série. O episódio aumentou o ritmo da temporada como um todo sendo quase impossível daqui pra frente prever um episódio mais estático como foi o "Casamento Roxo" no episódio anterior. A preparação do terreno foi feita, a morte de Joffrey foi só o início de uma cascata de eventos que eclodiram neste episódio e que ainda vão ecoar nos sete que virão.

Nota: 9,5

Preview do próximo episódio:


# Apêndice (Coisas Extras) # 
Coisas que eu queria colocar no post mas não deu pra encaixar. 
Tommen diferentemente de Joffrey, parece estar muito mais disposto a aprender com Tywin, ao passo que este está muito mais disposto a ensiná-lo manipulá-lo na arte de reinar.

Daenerys, nascida da Tormenta da Casa Targaryen, Rainha dos Ândalos e dos Primeiros Homens, Khaleesi do Grande Mar de Grama, Rompedora de Algemas e Mãe de Dragões.

Adeus Podrick

Cena rápida mas interessante entre Margaery e Olenna, não entregaram também como não esconderam um ar de conspiração. Enquanto Margaery se sentia amaldiçoada, Olenna diz que sua neta deveria apreciar muito mais a morte de Joffrey do que apreciar em cogitar viver casada com ele.


Tensão só aumenta entre esses dois hein?

Não gostei dessa ideia de figurar Arya ingênua novamente, achei que ela já tinha passado dessa fase. Ao que parece, sua tendência em ser honrada está no sangue de sua família - Stark e Tully - e só a vemos ser vingativa e rancorosa com quem fez mal a eles. O que acaba a colocando numa posição conflitante em relação ao Cão, já que ele contribuiu para isso no passado e não vem mostrando intenção de se redimir mas pelo contrário, vem ensinando a garota a ter os pés nos chão mostrando que na selva a lei é a do mais forte.


E a cena polêmica:


Leia mais análises dos outros episódios de Game of Thrones clicando aqui.


Um comentário:

  1. Incrível Game of Thrones é uma ótima adaptação do libro. É uma das melhores séries da HBO que alcançou grande fama. Sua história, seus elementos e a recreação são maravilhosos; As pessoas em todos os momentos, não poden separar-se.

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